A estrela amiga
A estrela brilha no céu
No momento da grande treva
Brilha enfeitando o negro véu
Para aliviar a dor da Terra
Cá na Terra ninguém se importa
Todos seguem sem olhar
Nem ligam, se ela está torta.
Nem se alarmam se ela se apagar
Mas lá no céu a estrela brilha
Sem se importar se cá em baixo
Existe ou não quem liga
Existe, ou não quem diga.
Vê, vê como brilha a estrela amiga.
Jane Santos: 1977
Um Sol Preocupado
Ah! Sol que choras!
Choras por quem não merece
E anda as tontas pelo céu.
Em busca da paz que carece,
Todos os homens desse enorme carrossel
Carrossel que gira, gira sem parar.
E o Sol, coitado chora sem sessar.
Mas que pode fazer o sol?
Para tirar tanto mal dos corações
De quem nem sequer pode chorar!
Jane Santos: 1977
Ilusão
Tudo era alegria
A tudo quanto se pensava,
Creia, nada se feria
Nada se entregava
Até a flor que nascia
Era bela então,
Tudo era paz e harmonia
Nada existia em vão
E como a água
Que na nuvem se abriga
Desaba na triste vida
A esperança perdida
E tudo se torna escuro
Na solidão a melancolia
No sombrio futuro
Tristezas sem alegrias.
Jane Santos: 1978
O Inesperado
Vem sem ser esperado
Chega antes que se perceba
E logo está ao nosso lado
Queimando e machucado
Jane Santos: 1978
Palavras
Explicações não podem ser dadas
Mentiras não podem ser ditas
E tudo quanto queremos dizer
No fim, não passam de palavras perdidas.
Jane Santos: 1978
Pensamentos
Há coisas que não se pode dizer,
Não há palavras que as exprimam de acordo com o que estamos sentindo.
Palavras simplesmente não dizem nada
E, novamente estamos só e perdidos.
E mais uma vez somos como poeira no deserto infinito.
Este está dentro de nós
E retorna a tristeza
E retornam os pensamentos absurdos
De esperanças e sonhos nem realizados e já perdidos.
Sonhos que veem de muito para o muito ainda irão
Esperando pelo dia em que possa se realizar
Para a felicidade do que sonha e espera.
Esperança, talvez pensamento perdido.
Talvez ilusão da vida
Não se pode saber ao certo
Tudo o que se sabe é que sem esperança não há vida
A vida vai como dá para se viver
Vivendo mais em sonhos do que em realidade
Já que a realidade é tão má e talvez o sonho afinal nunca se realizará
Jane Santos 1978
Reflexão
Num momento tudo é paz
No outro vira guerra
Ai! Deus, quando isso vai acabar?
Onde iremos parar?
Parece não haver futuro algum
Mas se não há futuro para que viemos então?
Para que comer o pó do chão?
Aguentar tanta solidão, tanto erro, tanta coisa em vão?
Se amanhã não sabemos se será sim ou não.
A vida na maioria das vezes é cruel e outras não,
Num momento estamos ajudando e no outro não
Num somos felizes por estar ajudando,
Mas tudo vira num repente contra nós,
Parece até que há algo que não gosta de paz
E, quando vê que tudo está certo, entorta tudo e,
Acabou-se o sossego, Acabou-se tudo.
E, num instante vira tristeza, tudo vira rancor.
E a vontade de sumir se torna tão e maior que toda a dor
E a vontade de nunca ter existido se eleva vitoriosa
Tomando conta, como um bandido de todas as felizes horas.
Jane Santos 1978
Iemanjá
O mar está calmo
A noite está clara
No ar o cheiro alvo
De rosas perfumadas
Eis que surge no horizonte
Um semblante de luz
Cada vez mais brilhante
E a todos seduz
Então, no azul da noite.
Surge Iemanjá, radiante!
Por sobre as águas esvoaçantes
Tornando feliz o povo lastimam-te
E a noite se torna dia
Voltando a calmaria
Do mar solitário
E a luta do dia-a-dia.
Jane Santos 1979
Olhos que falam
Porque estais tristes!
Oh! Olhos felizes não te entristeçam
Pois se tu ficas triste,
O mundo perde toda a beleza
Não te preocupes com esta vida
Ela de nada nos vale
Esqueça os problemas que nela habita
Sé pense em alegrias e felicidades!
Não repare nos falsos
Pois um dia eles sofrerão
Como sofres a ti neste dia
E por este dia, creia, eles também passarão.
Não chore olhos felizes
Pois nem tudo é tristeza
E se pensares que a vida tem momentos felizes
Verá que nela há muita beleza
Oh! Olhos belos
Olhe o que me fizeste
Pois diante dos teus olhos
Os meus também se entristecem
Jane Santos 1979
Te amo
Se me disserdes
Que és homem de muitas luas
Que passa olhares pelas ruas
Direi que te amo!
Se chegares a mim
Com palavras grosseiras
Sem pena alguma
Direi que te amo!
Se vieres a mim
Com a alma em ódio fumegando
Se vieres gritando
Direi que te amo!
Não importa quão mal de pareças ao mundo
Nem que não tenha sentimento profundo
Pois mesmo assim
Direi que te amo!
Jane Santos 1979
Isso é amor?
Em mim te escondes
Como uma ferida no coração
Que enche a alma de dor
E a vida de solidão
Ela cresce como um tumor
Que vive a queimar
E ainda assim chama no olhar
Onde está meu amor?
Onde estás meu amor?
Que ame enche de esperanças
Que me deixa triste
E revive nas lembranças
Jane Santos 1980